sexta-feira, 27 de outubro de 2017


Como sair da inadimplência. 

Atenção para não cair num ciclo vicioso em que se recorre a outros financiamentos para cobrir débitos anteriores.


Economia & Negócios

Com o elevado índice de desemprego, o endividamento tende a se intensificar. A renegociação dos débitos é a melhor saída. Mas os endividados têm dificuldade muitas vezes até em saber o valor atualizado da dívida. É importante pedir um extrato detalhado dos cálculos do saldo devedor.
Se tiver dúvidas, peça esclarecimentos ou entre em contato com algum órgão de defesa do consumidor para confirmar se os cálculos estão corretos.

Na negociação dos débitos fique atento para se comprometer com parcelas que vai poder pagar em dia, pois se atrasar o pagamento de qualquer uma delas o acordo cairá por terra.
As vezes, a saída é alongar o pagamento da dívida por mais tempo que o pretendido com parcela que caiba no seu bolso. Mas atenção para não cair num ciclo vicioso em que se recorre a outros financiamentos para cobrir débitos anteriores.

Questionar a dívida na Justiça, alegando cobrança abusiva, pode ser uma opção. Se houver erro no cálculo do saldo devedor, é possível pedir a revisão na Justiça. A cobrança de juros excessivamente altos é considerada vantagem excessiva pelo artigo 39 (inciso V) do Código de Defesa do Consumidor. O CDC (artigo 52) também estabelece que a multa por atraso não seja superior a 2%, e que só possa ser cobrada se não for efetuado o pagamento mínimo. 



A saída é negociar a troca de dívidas elevadas, caso dos cartões de crédito e limites do cheque especial, por financiamentos pessoais, que têm taxas mais baixas. Ou pelo empréstimo consignado, se tiver acesso a essa modalidade.
 
http://economia.estadao.com.br/blogs/claudio-considera/como-sair-da-inadimplencia/

terça-feira, 17 de outubro de 2017

Crédito para empresas atinge o menor nível dos últimos oito anos no País.
 

De dezembro de 2015 até agora, o crédito empresarial caiu de 28,45% para 22,21% do PIB; segundo diretor da Fiesp, quase metade das companhias não está conseguindo gerar caixa nem mesmo para pagar as despesas financeiras.

Renée Pereira e Anna Carolina Papp, O Estado de S.Paulo
16 Outubro 2017 | 05h00

Os sinais de retomada da economia ainda não foram suficientes para reverter o quadro de escassez de crédito para as empresas brasileiras. A carteira corporativa de crédito caiu em agosto pela 20.ª vez consecutiva, levando sua participação no Produto Interno Bruto (PIB) ao menor nível desde 2009. De dezembro de 2015 até agora, o crédito empresarial caiu de 28,45% para 22,21% do PIB, segundo os números do Banco Central.

Dois fatores explicam esse cenário. De um lado, estão empresas com elevada capacidade ociosa que pararam de buscar crédito no mercado porque não têm investimentos para fazer. Do outro, estão companhias inadimplentes, que precisam se financiar – ou rolar dívidas – e não obtêm aprovação dos bancos. Nos dois casos, no entanto, as empresas não conseguem sequer crédito para capital de giro. 


 

Estoque de crédito para a pessoa jurídica continua em queda enquanto os empréstimos para as pessoas físicas melhoram

Os níveis mais baixos de crédito para pessoa jurídica influenciam de forma direta o ritmo de retomada da economia. “Essa escassez afeta a expansão das empresas. Sem crédito para (capital) giro, ela não antecipa compras de insumos ou contratação de novos trabalhadores; sem crédito para investimento, ela não constrói novas fábricas e não compra novas máquinas. E o País segue andando de lado”, afirma o pesquisador do Ibre/FGV e professor do Instituto Brasiliense de Direito Público, José Roberto Afonso.

Executivos de grandes bancos de varejo no País dizem que, apesar de haver uma seletividade maior na concessão de crédito, os bancos estão mais dispostos a emprestar, mas a demanda por parte das empresas ainda não é relevante.

“Eu diria que já estamos vendo alguns sinais de retomada e que a crise ficou sim para trás. É normal que a retomada na jurídica demore mais mesmo, pois muitas empresas ainda estão com capacidade ociosa”, diz o diretor vice-presidente do Bradesco, Domingos Figueiredo Abreu.

O diretor executivo do banco de atacado do Itaú Unibanco, André Rodrigues, espera uma retomada gradual da demanda de crédito ao longo deste semestre, que poderá se consolidar ao longo do próximo ano. "Apesar da demanda efetiva de crédito ainda estar num patamar baixo, há sinais cada vez claros de que podemos estar começando um ciclo de expansão do crédito."

Pessoa física. Na direção oposta, o financiamento das famílias engatou uma retomada consistente nos últimos meses. Desde de outubro do ano passado, o saldo de concessão de crédito para as pessoas físicas não para de crescer. Ele representa hoje 24,88% do PIB; há 10 anos, em 2007, representava 14,01% do PIB, segundo dados de José Roberto Afonso.

Até dezembro de 2016, a participação das empresas na carteira total de crédito do País era sempre superior à fatia do crédito pessoal. De lá para cá, porém, as posições não apenas se inverteram, como a diferença entre as duas modalidades vêm crescendo. Em agosto, 52,84% da carteira total de crédito referiam-se a empréstimos e financiamentos para pessoa física e 47,16%, para empresas, segundo dados do BC. No mesmo período do ano passado, esses porcentuais eram de 50,58% e 49,41%, respectivamente. Considerando um prazo mais longo, em dezembro de 2015, o crédito corporativo era responsável por 53,03% dos empréstimos.

A participação do BNDES na concessão de créditos reflete bem essa mudança. Pelos dados do Banco Central, apesar de ter crescido acima da média, os empréstimos do banco somaram em agosto R$ 3,6 bilhões para pessoa jurídica enquanto só os aposentados do INSS conseguiram R$ 5,5 bilhões de crédito consignado.

A retomada da concessão de crédito a famílias em detrimento de empresas está relacionada, segundo especialistas, ao nível de inadimplência. Em maio deste ano, tanto pessoas físicas como jurídicas atingiram recorde de negativados – 61 milhões e 5,1 milhões, respectivamente, segundo a Serasa Experian. A diferença é que, no caso das famílias, vem diminuindo, enquanto no das empresas permanece o mesmo.

Na comparação de agosto deste ano com o mesmo período em 2016, a inadimplência da pessoa jurídica no crédito livre, por exemplo, ficou inalterada em 5,5%. Já na mesma modalidade para pessoa física, houve redução de 6,2% para 5,7%. “Os bancos só vão acelerar o crédito para as empresas quando essa inadimplência começar a cair”, afirma Luiz Rabi, economista da Serasa Experian. “Hoje, 47% das empresas não estão conseguindo gerar caixa nem para pagar despesa financeira. E não há crédito para refinanciar dívidas”, afirma o diretor de competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho.

COLABOROU MONICA SCARAMUZZO

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,credito-para-empresas-atinge-o-menor-nivel-dos-ultimos-oito-anos-no-pais,70002046381

terça-feira, 10 de outubro de 2017

Com cadastro positivo inadimplência pode cair 45%, diz Febraban.

Criado em 2011, o Cadastro Positivo, na prática, não funcionou para ajudar na redução do custo do crédito; governo agora que aprovar mudanças para tentar emplacar projeto.

 

Adriana Fernandes, O Estado de S.Paulo 
09 Outubro 2017 | 12h48

BRASÍLIA - A equipe econômica resolveu encampar projeto que já tramita no Senado para aprovar as mudanças no cadastro positivo - histórico de bom pagador que auxilia os consumidores (pessoas físicas e empresas) a conseguirem taxas de juros mais baixas na hora de negociar um empréstimo ou comprar um produto parcelado. A Febraban (entidade que representa os bancos) diz que, com a aprovação desse projeto e a utilização desses bancos de dados, a inadimplência pode cair 45%.

O projeto tramita em regime de urgência e está na pauta de votação do plenário do Senado. O diretor de regulação do Banco Central (BC), Otavio Damaso, informou que o projeto que altera as regras do cadastro positivo está 100% alinhado com os interesses do governo.


 

Proposta também permite a inclusão automática dos consumidores no cadastro positivo Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast, o diretor afirmou que as mudanças propostas buscam corrigir os principais obstáculos que impediram que o cadastro positivo deslanchasse no Brasil.

Segundo Damaso, a orientação de política do governo foi aproveitar projeto que já estava tramitando para negociar as mudanças. As negociações foram feitas pelo BC com o relator do projeto, senador Armando Monteiro (PTB-PE). A mudança no cadastro positivo é considerada uma das mais importantes na agenda de medidas que o BC lançou, no final do ano passado, para reduzir o custo do crédito.

O substitutivo do senador Armando Monteiro traz algumas mudanças importantes. A primeira delas altera a lei complementar 105, que trata do sigilo bancário pelas instituições financeiras. A proposta é deixar claro, na lei complementar 105, que o fornecimento de dados financeiros e de pagamentos relativos à operação de crédito a gestores de bancos de dados para formação do histórico de crédito não se configura uma violação do sigilo bancário. A medida, segundo Damaso, dá segurança jurídica ao repasse das informações.

A proposta também permite a inclusão automática dos consumidores no cadastro positivo. Pela lei atual, a pessoa ou a empresa tem de autorizar a inclusão do seu nome no cadastro. Com a mudança, a regra se inverte. Todos estão incluídos no cadastro e, se a pessoa quiser, ela pede para sair da lista. Segundo Damaso, a regra atual tornou o processo muito mais moroso, o que impediu o seu crescimento no País. Ele explicou que haverá procedimentos específicos para que o consumidor peça a retirada do seu nome. Recebido o pedido por uma das empresas de cadastro, todas as outras empresas são avisadas automaticamente. Dessa forma, o consumidor não precisa pedir para as todas as empresas de cadastro.

Damaso explicou que haverá duas “camadas” de acesso à informação pelo solicitante do cadastro. Na primeira delas, os bancos passam ao solicitante dos dados uma nota com base num ranking construído pela própria empresa de cadastro. Numa segunda “camada” de informação, a pessoa ou a empresa tem de autorizar o acesso ao cadastro detalhado. Para o diretor do BC, a nota do cadastro poderá ser usada pelo consumidor para barganhar descontos maiores e taxas menores. Ele destacou que hoje, com o avanço das informações pela internet, o consumidor já é ranqueado por diversas empresas. Um exemplo é o uso do Uber.

O Brasil tem hoje quatro empresas cadastradas para funcionar como cadastro positivo: Serasa, Boa Vista, SPC e GIC. Essa última foi criados pelos bancos e entrará em funcionamento no ano que vem. O Brasil tem cerca de 5,5 milhões de consumidores no cadastro, mas o potencial é de 150 milhões.

http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,com-cadastro-positivo-inadimplencia-pode-cair-45-diz-febraban,70002035280