quarta-feira, 29 de março de 2017

Percentual de famílias com dívida ou conta em atraso atinge 23,7%. 

A taxa é superior aos 23% de fevereiro deste ano e aos 23,5% de março do ano passado.

 

Por Agência Brasil
28 março de 2017

 
Dívidas: a maior parte das dívidas (76,6%) é de cartão de crédito (4774344sean/Thinkstock)

O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 23,7% em março deste ano, segundo dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada hoje (28), no Rio de Janeiro, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A taxa é superior aos 23% de fevereiro deste ano e aos 23,5% de março do ano passado.
As famílias que não terão condições de pagar as contas também aumentaram chegando a 9,9%. Em fevereiro, eram 9,8% e, em março de 2016, 8,3%.
 

O percentual de famílias com dívidas (em atraso ou não) atingiu 57,9% em março. Apesar de ficar acima dos 56,2% de fevereiro deste ano, a parcela de endividados ficou abaixo dos 60,3% de março do ano passado.
A maior parte das dívidas (76,6%) é de cartão de crédito. Também são fontes importantes de dívidas os carnês (15,1%), financiamentos de carro (10,2%), crédito pessoal (9,7%) e financiamento de casa (8,3%).

http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/percentual-de-familias-com-divida-ou-conta-em-atraso-atinge-237/

sexta-feira, 24 de março de 2017

Serasa aproveita FGTS e prepara “superfeirão limpa nome”.
 

O objeto da ação é aproveitar os recursos do fundo de garantia para combater a inadimplência recorde registrada no começo do ano.
 

Por Angelo Pavini, da Arena do Pavini

notas de reais
Serasa: o Liquida Dívidas é a oportunidade para que os consumidores quitem suas dívidas com descontos e limpem seu nome ainda no primeiro trimestre do ano. (Vinicius Ramalh Tupinamba/Thinkstock)

Em janeiro, o país registrou 59,7 milhões de pessoas inadimplentes e 4,9 milhões de empresas com dívidas em atraso, que devem consumir uma parte do dinheiro liberado das contas inativas do FGTS a partir deste mês.
Com o objetivo de combater essa inadimplência recorde registrada no começo do ano e aproveitar os recursos do fundo de garantia, a Serasa promete realizar neste mês o maior movimento da sua história para ajudar empresas e consumidores a renegociarem suas dívidas e limparem o nome ainda no primeiro trimestre do ano.
Os descontos, segundo a Serasa, variam caso a caso e de empresa para empresa, mas podem chegar a 90% da dívida. O movimento Limpa Nome da Serasa começou ontem com o Serasa Recupera PJ, que além do serviço gratuito online conta, pela primeira vez, com atendimento às empresas no centro de São Paulo. Na próxima semana, dia 27, começa o Liquida Dívidas, evento nacional que dá ao consumidor a possibilidade de renegociar pela internet ou em um dos 20 mil postos de atendimentos das empresas credoras participantes.
O Liquida Dívidas é a oportunidade para que os consumidores quitem suas dívidas com descontos e limpem seu nome ainda no primeiro trimestre do ano.
“Esse é o desejo de empresas e consumidores, por isso estamos criando o movimento, a inadimplência não interessa a ninguém”, afirma Silvio Frison, vice-presidente do SerasaConsumidor.

Preparação
Frison recomenda que os consumidores se preparem para participar do evento.
A primeira medida é consultar o site www.liquidadividas.com.br para verificar se a empresa com a qual tem débitos está participando do evento.
Outra dica é que o consumidor inadimplente revise suas contas antes de acessar o serviço e veja de quanto pode dispor para quitar seus débitos à vista ou parcelado.
Dentro do período do evento, as empresas participantes apresentarão propostas exclusivas para os clientes com contas vencidas.

Empresas renegociando
Até o momento, participam do Liquida Dívidas as empresas: Banco Itaú Unibanco, Recovery, AES Eletropaulo, Enel, Oi, TIM, SKY, Banco Honda, Qualicorp, BV Financeira, Calcard, Tricard, Compesa, Koerich e Kredilig. Outras empresas estão acertando sua entrada. As renegociações serão feitas diretamente com as participantes, que oferecerão atendimento pessoal nas lojas, por telefone ou chat.
“A novidade é que o Liquida Dívidas possibilita que até moradores de cidades mais distantes do interior do país tenham a oportunidade de acertar sua vida financeira pessoalmente, em um endereço já conhecido, perto da residência ou do trabalho, em horários mais flexíveis”, ressalta Frison. Para verificar endereços, horários, canais de atendimento ou obter outras informações, basta acessar o site.
De acordo com o executivo, a importância do evento está na oportunidade de valorizar o consumidor ao permitir a ele reassumir o controle de sua vida financeira:
“Reabilitar o crédito é uma forma de resgatar a dignidade financeira do consumidor”, diz.
O trabalhador inadimplente, que já teve acesso ao FGTS, pode utilizar o recurso para limpar o nome. Já para os credores, dar a chance de os clientes voltarem a ter o nome limpo, contribui para a retomada da economia, diz Frison.

Posto avançado e agências
Além da página na internet, a população poderá contar com atendimento em várias agências da Serasa pelo país, que estarão funcionando em horário normal para consulta ao CPF, esclarecimento de dúvidas e orientação dos consumidores.

Vale do Anhangabaú
Durante os dias do evento, os paulistanos também terão um posto avançado da Serasa, montado no Vale do Anhangabaú, no Centro, que oferecerá apoio ao Liquida Dívidas.
A tenda disponibilizará computadores, internet e impressoras para que o cidadão possa realizar sua própria consulta no site da Caixa para verificar a situação do FGTS, se necessário.

Consumidor deve se preparar
 O consumidor precisa fazer um bom planejamento antes de renegociar uma dívida, colocando na ponta do lápis todas as despesas fixas e as contas já assumidas ou previstas, diz a Serasa.
Assim, é possível saber o quanto está disponível para pagar a nova dívida que será renegociada, escolhendo quais as condições e formas de pagamento que melhor se encaixam no orçamento. Segundo os especialistas da Serasa, o trabalhador inadimplente com direito ao resgate do FGTS deve utilizar ao menos parte do valor recebido para quitar dívidas pendentes.
Para ajudar a população, o SerasaConsumidor disponibiliza gratuitamente em seu site o e-book Como se preparar para a negociação de dívidas, com uma série de dicas para fazer uma boa negociação e limpar o nome. O Liquida Dívidas irá de 27 de março a 2 de abril 2017. O horário na internet é 24 horas, mas o consumidor deve verificar horário de atendimento de cada empresa participante.
Além do site do programa, outras informações podem ser obtidas no site da Serasa, como os endereços das agências para atendimento. Haverá ainda orientação sobre CPF e sobre saque do FGTS. Para isso, é preciso levar o CPF, um documento de identidade com foto e, para o FGTS,  carteira de trabalho.

http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/serasa-aproveita-fgts-e-prepara-superfeirao-limpa-nome/

terça-feira, 21 de março de 2017

Dicas para evitar a inadimplência.



Aumentar as vendas a prazo pode significar prejuízos caso não haja critérios para conceder crédito.

Dicas para evitar a inadimplência
Para o comércio, nem sempre um grande volume de vendas a prazo representa maior lucratividade. (Arte/TUTU)

A inadimplência é um dos principais vilões do comércio. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela FecomercioSP, aponta que cerca de 17,2% das famílias paulistanas possuíam contas em atraso em dezembro, alta de 6,3 pontos porcentuais em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Para o comércio, nem sempre um grande volume de vendas a prazo representa maior lucratividade. Assim, destacamos alguns pontos para evitar a inadimplência:

Análise de crédito
Faça uma análise criteriosa, contemplando perfil do consumidor, nível de renda e capacidade de pagamento futura. Consulte órgãos de proteção de crédito.

Evite fraudes
Verifique a autenticidade dos documentos apresentados. Nas referências comerciais e pessoais, cuidado com nomes e telefones fornecidos, pois o contato informado pode estar instruído a passar boas informações.

Cadastro do cliente
Realize o preenchimento correto do cadastro do cliente e atualize-o frequentemente. Com essa informação atualizada é possível entrar em contato com o cliente com mais facilidade, principalmente em situações de inadimplência.

Política de cobrança
Defina quais serão os procedimentos para realizar cobrança de inadimplentes, envio de e-mail lembrando o não pagamento, contato telefônico ou até mesmo a cobrança pessoal. Em alguns casos, contratar os serviços de empresas especializadas em recuperação de crédito pode ser vantajoso.

Novos clientes
Para quem ainda não possui histórico de compras e pagamentos, ofereça um menor valor de crédito no início, melhorando as condições de crédito conforme aumentar o relacionamento e a confiança.

segunda-feira, 20 de março de 2017

Odebrecht Peru pode ficar inadimplente após confisco de ativos.

O grupo precisa fazer pagamentos de US$ 50 milhões no Peru em abril mas enfrenta "alto risco" de não poder fazer isso, dizem fontes.

 

Por Reuters


Odebrecht: a empresa também está impedida temporariamente de transferir dinheiro ao exterior e de receber recursos por vendas de ativos (Sebastian Castaneda/Reuters)

 

Lima – A unidade peruana da Odebrecht pode ficar inadimplente junto a credores e fornecedores a partir do próximo mês depois de um confisco de 30 milhões de dólares em ativos da empresa por autoridades, afirmou uma fonte da companhia.
O grupo brasileiro precisa fazer pagamentos de 50 milhões de dólares no Peru em abril mas enfrenta “alto risco” de não poder fazer isso porque não tem ativos líquidos, afirmou a fonte. A Odebrecht não comentou o assunto.

O órgão tributário do Peru, Sunat, afirmou em comunicado que até agora confiscou cerca de 60 milhões de dólares em ativos da Odebrecht e de outras empreeiteiras brasileiras como parte de uma investigação de corrupção. As outras empreeiteiras incluem OAS e Queiroz Galvão. A Odebrecht também está impedida temporariamente de transferir dinheiro ao exterior e de receber recursos por vendas de ativos por causa de uma nova legislação de combate a crimes de corrupção aprovada pelo presidente peruano, Pedro Pablo Kuczynski, no mês passado.

O decreto permite a Odebrecht transferir recursos de ativos congelados para pagar credores se o Ministério da Justiça aceitar, mas uma segunda fonte da companhia afirmou que o governo tem recusado permitir as transferências. Representantes do ministério não comentaram o assunto de imediato.
Na semana passada, a Odebrecht alertou o governo de Kuczynski em uma carta em que afirma que as contas congeladas e ativos confiscados podem forçar a empresa a deixar de fazer pagamentos para credores locais e internacionais, além de fornecedores, disse a fonte. A empresa pediu que seus imóveis ou ações em companhias sejam confiscados em vez dos ativos líquidos. 


http://exame.abril.com.br/negocios/odebrecht-peru-pode-ficar-inadimplente-apos-confisco-de-ativos/

terça-feira, 14 de março de 2017

quinta-feira, 9 de março de 2017

5 dicas para otimizar a análise de crédito de uma empresa.
  
Rodnei Fernandes,

A inadimplência dos clientes é um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas. Para se prevenir contra as suas consequências e evitar perder dinheiro com clientes que não pagam, ou demoram a quitar seus débitos, o gestor pode recorrer à análise de crédito.

A inadimplência dos clientes é um dos maiores problemas enfrentados pelas empresas. Para se prevenir contra as suas consequências e evitar perder dinheiro com clientes que não pagam, ou demoram a quitar seus débitos, o gestor pode recorrer à análise de crédito.
Ao optar por isso, é preciso observar algumas dicas valiosas. Você sabe quais são elas?
Veja a seguir algumas sugestões para otimizar a análise de crédito na sua empresa:

1. APERFEIÇOE O PROCESSO DE CADASTRO

Não basta que a empresa disponha do cadastro dos clientes: mais do que isso, é necessário usá-lo estrategicamente.
Para fazer isso, é possível solicitar informações adicionais que poderão enriquecer o cadastro e melhorar as decisões sobre a concessão de crédito. Essas informações adicionais poderão até ajudar na validação de dados para identificar o potencial de limite.
Integrando as informações cadastrais, o gestor poderá reduzir os custos com o sistema e otimizar a análise de crédito de forma significativa, além de reduzir tempo com buscas intermináveis.

2. DEFINA UMA POLÍTICA DE CRÉDITO COMPATÍVEL COM O PERFIL DA EMPRESA

É fundamental que cada empresa defina sua própria política de análise e concessão de crédito, conforme suas próprias necessidades e as de seu público. De um modo geral, é necessário realizar o cadastro dos clientes, a automação dos processos e a consulta aos órgãos de proteção ao crédito.
O gestor precisa efetuar um mapeamento e a avaliação das regras do negócio. É preciso detalhar os sistemas e as formas de comunicação utilizadas.
Depois, deve classificar os dados dos documentos físicos e digitais e avaliar a relevância das informações para que a negociação seja concretizada com segurança.

3. AVALIE DIFERENTES FONTES DE INFORMAÇÃO

É preciso avaliar a qualidade de cada fonte de informação, mas convém ter mais de uma. Para determinar quais serão essas outras fontes, o gestor precisa compreender quais critérios pesam mais na hora de selecioná-las.
O importante é que, com essa avaliação de fontes diversificadas, seja possível obter informações seguras e confiáveis e equilibrar o custo-benefício delas, observando se há alguma possibilidade de troca de fornecedor e outras mudanças que influenciem na tomada de decisões mais certas.

4. REFORCE SEU MONITORAMENTO E CONTROLE DAS INFORMAÇÕES E REGRAS

É bastante conveniente ainda realizar um adequado monitoramento e controle das regras de sua política, fazendo simulações com elas, ajustando seu desempenho ao perfil da empresa e cruzando informações.
Tal nível de controle permite avaliar com mais precisão a eficácia da política de concessão de crédito e as possibilidades ou demandas por mudanças. No momento da simulação, é possível até usar diferentes cenários para testar as regras definidas e os pontos fracos e fortes da política estabelecida.

5. USE UM SOFTWARE

Por último, mas não menos importante, essa é uma dica de ouro. A automação da análise de crédito permite reduzir custos sem diminuir a qualidade do trabalho. O software permite que se faça a padronização dos processos, mantendo para todos os colaboradores os mesmos critérios de avaliação.
Automatizar o cadastro é uma forma de ganhar tempo e conferir segurança ao registro dos dados. Evita erros manuais, que implicam em retrabalhos e mais custos.
Além disso, o software permite economia de tempo. Como se sabe, ganhos de tempo representam mais produtividade e eficiência, já que a liberação dos pedidos ocorre mais rápido, favorecendo os clientes e a própria empresa.
Outros benefícios da automação para otimizar a análise de crédito são:
  • foco da equipe nas avaliações que exigem maior atenção;
  • tempo maior para avaliar os pedidos perdidos e os indícios falsos;
  • otimização da utilização das informações de diferentes bases;
  • política de crédito bem direcionada para as necessidades da empresa;
  • integração entre o setor de vendas, o setor financeiro e outros, bem como maior integração entre as próprias informações.
E você, como efetua a análise de crédito em sua empresa? Já segue algumas das dicas que listamos aqui?

http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/5-dicas-para-otimizar-a-analise-de-credito-de-uma-empresa/102570/

terça-feira, 7 de março de 2017

Os efeitos da inadimplência no caixa das empresas.
 

03 de março de 2017

As empresas descobriram que os créditos inadimplentes impactam negativamente o caixa e trazem alívio financeiro quando bem gerenciados e recuperados pelos departamentos de contas a receber. A afirmação é óbvia, no entanto, não é o que se observa frequentemente no mercado. Empresas de diferentes tamanhos e setores, por vezes, lidam de forma inadequada com seus recebíveis, sem um efetivo acompanhamento e relacionamento com os clientes. 



Foto: DINO

Quando uma empresa vende produtos e serviços concedendo prazo para pagamento, ela responde pelo risco de não receber o dinheiro devido pelo cliente, afetando o caixa e investimentos, além de fomentar o estoque de créditos inadimplentes. Os créditos inadimplentes aparecem nos demonstrativos financeiros como contas redutoras de ativos, pela provisão para créditos de liquidação duvidosa, impactando o desempenho financeiro das empresas.

Ocorre que o inadequado acompanhamento dos clientes pelas empresas se justifica, frequentemente, pela carência de procedimentos e ferramentas modernas. Neste sentido, o atual ambiente de inovação tecnológica é particularmente favorável para o setor financeiro, que observa novas soluções e recursos de gestão até então não disponíveis, que agora são oferecidas pelas Fintechs. Sistemas de gestão de recebíveis e carteiras de créditos inadimplentes, como o BWCS (Business Web Collect System), oferecem, na nuvem e como serviço (SaaS), recursos avançados e completos de gerenciamento de carteiras, e tem conquistado departamentos de grandes empresas que buscam soluções especialistas que se comunicam com os sistemas ERPs existentes.

O doutor em finanças pela FGV e fornecedor do sistema de gestão BWCS, Pedro Bono Milan, destaca ser comum encontrar empresas que apresentam uma gestão pouco eficiente de seus recebíveis, e quando percebem como a ferramenta pode ajudar as finanças da empresa, passam a encarar a relação com seus clientes inadimplentes de forma harmônica e agradável. O profissional afirma que isso só é possível pelos diversos canais existentes de relacionamento com os clientes, a exemplo do autoatendimento, um ambiente personalizável que as empresas podem oferecer aos clientes inadimplentes para o pagamento de faturas e solução de dívidas de forma rápida e independente.

https://noticias.terra.com.br/dino/os-efeitos-da-inadimplencia-no-caixa-das-empresas,b3daca1d920ef053ba0273e7ac79365fbporcumd.html

quinta-feira, 2 de março de 2017

Inadimplência x retomada.
 

José Paulo Kupfer
01 Março 2017 | 18h56


Todos os olhos, no Brasil, se voltam para o ajuste fiscal, mas há uma crise de insolvência sem precedentes na economia brasileira, que mereceria muito mais atenção. Podem anotar: sem atacar esse problema, não há como relançar a economia e qualquer carnaval em torno da recuperação de indicadores econômicos tende a terminar numa quarta-feira de cinzas de decepções.

Um levantamento do economista José Roberto Affonso, especialista em finanças públicas, registrado pela competente repórter Renée Pereira, no Estado desta quarta-feira, dá uma ideia bem concreta do tamanho do obstáculo à retomada já apontado em outros estudos — mas em geral “esquecidos” nas ondas de otimismo ainda sem consistência que têm pipocado desde fins do ano passado. Se o crédito em geral está em queda, a parcela destinada às empresas simplesmente evaporou. Tanto que, pela primeira vez, em dezembro, a fatia do crédito para pessoas físicas superou o volume tomado pelas pessoas jurídicas.


Essa “estranha” situação, segundo Afonso, não só “fere a história como a lógica”. Enquanto empresas com capacidade ociosa não têm ido ao mercado, as que precisam se financiar em grande medida estão inadimplentes e não conseguem aprovação de seus pleitos pelos bancos. Estudos da Serasa Experian, descritos na reportagem do Estado, registram que, em 2016, metade das empresas estava inadimplente, com um recorde de quase 5 milhões de negativadas.

O lento e complicado processo de desalavancagem está em curso, com a dificuldade e a marcha lenta típicas. O total do endividamento de famílias e empresas está agora em 70% do PIB, depois de alcançar um pico de 75% em 2015. Mas, para chegar nesse ponto, escalou um Everest, saindo de 35% do PIB, em 2005, para os números atuais. Apenas em moeda estrangeira, o volume total de dívidas de empresas brasileiras dobrou desde 2008, quando partiu de US$ 60 bilhões para chegar nos US$ 120 bilhões de hoje.

Tal cenário foi construído pela combinação adversa de uma série de fatores. Já em setembro do ano passado, na coluna semanal que mantinha no Estado, descrevi o processo que levou ao atual endividamento (ver “Obstáculo Silencioso”, em http://bit.ly/2cqx1AJ):

“A forte queda da rentabilidade empresarial, a partir de 2011, afetou muito negativamente o lucro e o retorno dos investimentos. Combinada com a elevação dos juros e a valorização do dólar, que fizeram subir o custo dos financiamentos, a situação levou as empresas a ingressarem no pior dos mundos em que a expansão de seus ativos se tornou menor do que a de seus passivos.”

Esse quadro empresta consistência a pesquisas segundo as quais mais da metade das empresas de capital aberto não tem conseguido gerar recursos nem sequer para o pagamento dos juros de suas dívidas. Uma importante consequência da predominância da falta de fôlego empresarial e do consumo, em razão da inadimplência, reside no fato de que a queda dos juros pode demorar mais do que se esperaria para reverter em decisões de investimento ou pelo menos de ocupação mais intensiva da capacidade ociosa.


http://economia.estadao.com.br/blogs/jpkupfer/inadimplencia-x-retomada/