segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Previsão de queda do PIB em 2016 passa de 3,40% para 3,45%, revela Focus do BC.

Para 2017, foi mantida a expectativa de recuperação em 0,50%, após cinco semanas seguidas de redução.


Focus: previsão de queda do PIB em 2016 passa de 3,40% para 3,45%
Focus: previsão de queda do PIB em 2016 passa de 3,40% para 3,45%
Foto: Vasilii Shestakov/Dreamstime

BRASÍLIA - O Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve ter retração de 3,45%, de acordo com o Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta segunda-feira, 29, pelo Banco Central. Na edição anterior do documento, a estimativa era de baixa de 3,40% e na de quatro semanas atrás, de recuo de 3,01%. Para 2017, foi mantida a expectativa de recuperação em 0,50%, após cinco semanas seguidas de redução - um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,70% da atividade.

A produção industrial é o principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,50% para este ano ante -4,40% prevista na semana passada. Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,80%. Para 2017, a previsão mudou de 1,00% para 0,80%. Quatro semanas antes, estava em 1,50%.
Os economistas mexeram levemente em suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, uma das principais variáveis acompanhadas pelas agências de classificação de risco.

Para 2016, a mediana das previsões passou de 40,70% para 40,75% de uma semana para outra, ante 40,00% de quatro semanas antes. No caso de 2017, as expectativas permaneceram em 44,00% de uma edição para a outra - no boletim divulgado há um mês a taxa era de 43,00%.

Estadão Conteúdo
http://www.dci.com.br/economia/previsao-de-queda-do-pib-em-2016-passa-de-3,40-para-3,45-id530422.html

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Aumento da inadimplência é gradual, diz BC.

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Banco Central (BC) avalia que a inadimplência deve continuar a subir neste ano, em razão da queda da atividade econômica e da alta das taxas de juros; em janeiro, a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) das famílias chegou a 6,2%; nas empresas a taxa ficou em 4,7%; para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, disse que o aumento da inadimplência tem ocorrido de forma gradual, permitindo que os clientes dos bancos renegociem dívidas e às instituições financeiras fazer adequações no nível de provisionamento

24 de Fevereiro de 2016 às 15:08
Kelly Oliveira, repórter da Agência Brasil


A inadimplência deve continuar a subir neste ano, em um ambiente de queda da atividade econômica e alta das taxas de juros, conforme projeção do Banco Central (BC).
De acordo com dados divulgados hoje (24) pelo BC, em janeiro, a taxa de inadimplência (atrasos acima de 90 dias) das famílias chegou a 6,2%. No caso das empresas, a taxa ficou em 4,7%. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a inadimplência, principalmente de pequenas e médias empresas é mais expressiva. No caso das famílias, Maciel classificou o crescimento da inadimplência de "relativamente modesto", em um cenário de retração da economia e aumento do desemprego.
Maciel disse que o aumento da inadimplência tem ocorrido de forma gradual, o que permite aos clientes dos bancos renegociar as dívidas e às instituições financeiras fazer adequações no nível de provisionamento (reserva de recursos para situação de inadimplência).

Juros
Segundo Maciel, o aumento das taxas de juros ocorre por influência de diversos fatores, como o crescimento da inadimplência. Ele enfatizou que as alterações nos juros do crédito não ocorrem somente por influência da taxa básica de juros (Selic), que não sido elevada pelo BC nos últimos meses.
Em janeiro, a taxa média de juros cobrada das famílias subiu 2,4 pontos percentuais em relação a dezembro e ficou em 66,1% ao ano. De acordo com Maciel, a alta da taxa média é "puxada" pelos juros do crédito rotativo (cartão de crédito e cheque especial).
A taxa de juros do rotativo do cartão de crédito subiu 8,1 pontos percentuais de dezembro para janeiro, quando atingiu 439,5% ao ano, a maior já registrada na série histórica do BC, iniciada em março de 2011. O rotativo é o crédito tomado pelo consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. A taxa do cheque especial chegou a 292,3% ao ano, com alta de 5,3 pontos percentuais.
Maciel recomenda aos consumidores evitar o crédito rotativo, parcelando a fatura quando não é possível fazer o pagamento total ou tomar outra modalidade de crédito com taxas mais baixas. "O crédito rotativo deve ser usado com extrema cautela, em prazo curto de tempo para que isso não onere o orçamento pessoal", enfatizou.


Retração do crédito 
Em janeiro, o saldo de todas as operações de crédito concedido pelos bancos caiu 0,6% e ficou em R$ 3,199 trilhões. Esse valor correspondeu a 53,7% de tudo o que o país produz – Produto Interno Bruto (PIB). "O crédito no início do ano mostrou retração moderada, o que é relativamente comum para os meses de janeiro. Atinge principalmente o crédito às empresas. No início do ano, tem um um ciclo de atividades em ritmo menor do que em outros períodos. Gradativamente isso [o saldo] vai crescendo", disse Maciel.
Ele acrescentou que a "retração da atividade econômica que tem se observado desde o ano passado" também influencia a redução do saldo do crédito. "Além dos outros fatores que já estavam presentes [no ano passado], como menor ritmo de atividade econômica, elevação do custo de crédito, tem a questão da sazonalidade", destacou Maciel.


http://www.brasil247.com/pt/247/seudinheiro/218406/Aumento-da-inadimpl%C3%AAncia-%C3%A9-gradual-diz-BC.htm

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Avanço de MEIs acende alerta para inadimplência e falências.

21/02/2016

O aumento expressivo de microempreendedores individuais acende um alerta amarelo para a taxa de inadimplência e para a expansão prevista de falências e recuperações judiciais no País. Especialistas consultados pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, dizem que pequenos negócios estão sendo abertos no âmbito da crise econômica e, portanto, na urgência de uma fonte de renda. Na falta de planejamento necessário, a inadimplência ou a morte da companhia é quase certa, influenciando em avanço desses indicadores. Por outro lado, os bancos estão vendo o segmento uma oportunidade para reforçar suas carteiras de crédito, minimizando o risco de potenciais devedores.
"Há um risco elevado de transitarmos de uma taxa de inadimplência elevada - maior que 5% - para uma altíssima, já que o custo do capital de giro hoje é quase inviável", ressaltou o diretor de Pesquisas Econômicas da GO Associados, Fábio Silveira. Conforme dados do Banco Central (BC), a taxa de inadimplência no mercado de crédito com recursos livres no País ficou em 5,3% em dezembro de 2015 ante 4,3% em 2014. Para pessoa física, a taxa foi de 6% e para as empresas, em 4,5%. Segundo o especialista, a provável bancarrota futura dos microempreendedores individuais (MEIs) só engrossará a tendência de alta nos próximos períodos para o indicador. "Enquanto tivermos uma taxa de juros elevada, esse sinal amarelo que se acendeu vai continuar", destacou.

De acordo com a Serasa Experian, no ano passado, número de novas empresas no Brasil cresceu 5,3%, impulsionado pelo avanço dos MEIs, que representaram 75,9% ou 1.491.485 do total de 1.963.952 das empresas criadas no País em 2015. Dados do Sebrae indicam que os MEIs ultrapassaram o número de micro e pequenas empresas (MPEs) e que desde sua criação, em 2008, até janeiro último essa categoria tem soma 5.720.194 microempreendedores individuais, quase 20% maior que o de MPEs abertas no período (4.777.069).
Segundo Luiz Rabi, economista da Serasa, a onda mais recente de microempreendedores é "uma questão de sobrevivência e não de oportunidade de negócio", em movimento que responde à piora da economia, embora também seja facilitada pelos incentivos fiscais e menor burocracia.

O que corrobora o pessimismo dos especialistas é a taxa de mortalidade desse porte de empresa. Conforme o Sebrae (dado mais recente é de 2010), entre as companhias com até dois anos de atividade e que nasceram em 2007, a taxa de mortalidade é de 24,4%. "Podemos atingir em breve um porcentual de mais de 30%.
 Se é abertura por necessidade e ele considera esse novo negócio um complemento de renda, a empresa não aguentará nem dois anos", disse o consultor do Sebrae SP, João Carlos Natal. "Além disso, hoje há um choque de demanda", completou. O especialista disse que o Sebrae tem recebido retorno de que o receita das pequenas, médias e micro empresas tem caído em até 50%.

Ele também alerta que o aumento da inadimplência não seria só oriundo da pessoa jurídica. Segundo Natal, o mais natural é que antes de abrir uma conta corrente jurídica, o microempreendedor individual opte pelo financiamento mais caro disponível para pessoa física, como o cheque especial e cartão de crédito. "Até porque as instituições financeiras fazem mais exigências para uma companhia recém-criada", disse.

Microcrédito e visão de bancos
Os bancos, por sua vez, estão encontrando no microcrédito - que engloba financiamentos não só para MEIs, mas também para micro e pequenas empresas - um potencial para engordar sua carteira de crédito. Conforme dados do Banco Central, o saldo da carteira de microcrédito destinado a microempreendedores no País em dezembro último era de R$ 5,396 bilhões, praticamente estável ante 2014 (R$ 5,301 bilhões), mas 9,7% maior na comparação com 2013 (R$ 4,829 bilhões), quando o nível de desemprego começou a subir no País.

O superintendente de microcrédito do Santander, Jerônimo Ramos, informou que atualmente a carteira de microcrédito do banco está em R$ 290 milhões, com 143 mil empresas ativas e crescendo cerca de 10% ao ano no últimos três anos, mesma taxa esperada para 2016. "O banco investiu R$ 3,2 bilhões nos últimos 10 anos no segmento", ressaltou. 

Questionado sobre o risco de aumento de inadimplência, Ramos disse que hoje a taxa está estável e deve ficar assim por um bom tempo. "Na hora da concessão fazemos um levantamento socioeconômico e temos também o grupo solidário, um aval em grupo formado pela união de 3 ou 4 microempreendedores que assumem, solidariamente, a responsabilidade pelo pagamento das parcelas do empréstimo", destacou.

Para o diretor da Ativa Wealth Management, Arnaldo Curvello, o Brasil ainda possui pouca experiência em microcrédito, o que faz que a representatividade desse segmento seja ainda pequena perante linhas para outros portes de empresas. "Pode ser um risco bem pequeno de inadimplência para as instituições financeiras. Além disso, a base do microcrédito também é grande e os MEIs, por exemplo, mesmo que haja o risco de inadimplência, são diluídos. Mas se houver um volume relevante, pode ser uma ameaça", falou.

Ele defende, ao contrário dos outros especialistas, que a taxa de inadimplência do País não está alta se comparado ao spread bancário sobre a taxa básica. "No microcrédito, os juros ainda compensam a inadimplência", afirmou.
Para outro economista-chefe de uma corretora, a preocupação dos bancos hoje é muito mais com as empresas de grande e médio portes do que as micro e pequenas companhias. "Risco existe, mas não é relevante para a carteira total no momento", declarou.

http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/economia/20160221/avanco-meis-acende-alerta-para-inadimplencia-falencias/345117

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Renan diz que Dilma não se opõe a mudanças no pré-sal.

Pré-sal
Pré-sal: Serra quer acabar com a obrigatoriedade de participação da Petrobras na exploração, e, segundo Renan Calheiros, Dilma não se opõe à proposta 

Da AGÊNCIA BRASIL
 
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL),  se reuniu hoje (16) com a presidente Dilma Rousseff e disse que ela não tem objeção quanto ao projeto de lei do senador José Serra (PSDB-SP) que acaba com a obrigatoriedade de participação da Petrobras na exploração de todos os campos do pré-sal.
O projeto faz parte da lista de sugestões para a pauta do Senado no primeiro semestre deste ano, apresentada hoje pelo PSDB a pedido de Renan.
“Eu disse para a presidente que vamos preservar o interesse estratégico do Brasil, da União e da Petrobras.Você faculta e submete a decisão da Petrobras ao conselho [de administração da empresa]”, disse o presidente do Senado, ao retornar do encontro com a presidente da República.
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A intenção inicial de Renan era colocar o projeto em votação amanhã (17) mas, enquanto ele se reunia com   Dilma hoje, o primeiro vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), leu em plenário uma medida provisória (MP) que passou a trancar a pauta da Casa.

Embora Viana seja do PT, partido que é contra a votação do projeto de Serra, o presidente do Senado disse que a leitura da MP “faz parte do processo legislativo” e disse que vai negociar para tentar que o projeto seja votado amanhã.
“Nós vamos fazer um esforço pra votar amanhã. Eu atrasei, foi lida a MP que tranca pauta, mas vou fazer apelo aos líderes para que excepcionalmente amanhã possamos votar a MP e, na sequência , deliberar com relação à participação da Petrobras no pré-sal”, afirmou.
Na reunião com  Dilma Rousseff, Renan também propôs que o Senado apresente a Proposta de Emenda à Constituição da Desvinculação das Receitas da União (DRU). O texto foi enviado pelo governo à Câmara dos Deputados, mas está parado.

Segundo o presidente do Senado, esta é uma matéria “muito importante” e pode começar a tramitar pelo Senado, por iniciativa de um senador, para agilizar o processo.
“Acho que a desvinculação das receitas é uma coisa muito importante para o Brasil. Hoje você tem o engessamento de 90% dos recursos públicos.Votar a DRU é uma coisa que interessa ao Brasil para mudar as expectativas. E se a matéria demorar na Câmara nós podemos tomar a iniciativa aqui no Senado. Isso preserva o interesse do país”, disse.

O presidente do Senado ressaltou que o Congresso “precisa amadurecer o debate” em relação a alguns projetos, mas “não pode deixar de deliberar”. Segundo ele, um desses projetos é o que trata da autonomia do Banco Central, que deve passar pela determinação de um mandato para o presidente da instituição. Segundo ele, mesmo sem consenso sobre o mérito dessa matéria, ela “está madura para ser votada”.

A definição de uma pauta para o Senado no primeiro semestre deste ano que busque soluções para os problemas econômicos e políticos do país começou a ser discutida por Renan Calheiros com os líderes partidários em uma reunião na manhã de hoje no Senado.
No encontro, ficou estabelecido que cada legenda apresentará uma sugestão para a pauta com temas sobre os quais está disposta a votar, mesmo que sem consenso quanto à aprovação das matérias.
O primeiro partido que apresentou sua pauta foi o PSDB, que entregou suas sugestões a Renan momentos antes da reunião que ele teve com a presidente da República.

http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/renan-diz-que-dilma-nao-se-opoe-a-mudancas-na-exploracao-do-pre-sal

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Empréstimos inadimplentes atingem maior patamar em mais de 6 anos na China.
  
PEQUIM - O montante de empréstimos inadimplentes nos bancos comerciais da China subiu para 1,67% do total de empréstimos no fim de 2015, no maior patamar em mais de seis anos. O dado mostra que a desaceleração econômica continua a representar uma carga para o sistema bancário do país.

Os empréstimos inadimplentes totalizavam 1,27 trilhão de yuans (US$ 195,6 bilhões) no fim do ano passado, informou a Comissão Regulatória Bancária da China nesta segunda-feira.
O aumento no número de empréstimos inadimplentes ameaça a saúde financeira da segunda maior economia do mundo, que desacelerou para seu ritmo mais fraco em 25 anos.

O regulador bancário informou que o lucro líquido dos bancos comerciais da China aumentou 2,43% em 2015, na comparação com o ano anterior. Isso representa, porém, uma queda acentuada na comparação com crescimentos de dois dígitos registrados em anos recentes. Fonte: Dow Jones Newswires.

Estadão Conteúdo
http://www.dci.com.br/internacional/emprestimos-inadimplentes-atingem-maior-patamar-em-mais-de-6-anos-na-china-id527378.html
Inadimplência do Brasil é baixa, mas maior que de vizinhos sul-americanos.

Especialistas apontaram as altas taxas de juros do País que, segundo o Banco Mundial, são a 3ª maior do mundo, a 32% ao ano, como um dos principais motivos para os calotes mais elevados.


São Paulo - A inadimplência bancária do Brasil é baixa quando comparada com outros países ao redor do mundo, porém acima de vizinhos sul-americanos, como Chile, Argentina e Paraguai, apontam dados compilados pelo Banco Mundial.
Estatísticas do órgão referentes a 2015 mostram que o nível médio de calotes do País foi de 3,1%, contra 2,1% dos paraguaios, 2,0% dos chilenos e 1,9% dos argentinos.
Apesar de maior do que dos vizinhos, as perdas com empréstimos dos bancos brasileiros ficou bem abaixo dos líderes do ranking: Grécia (34,4%), Chipre (44,8%) e San Marino, com índice de 45,8% - ou seja, de cada R$ 100 emprestados, R$ 45,80 não são pagos pelos clientes.
Há um debate entre os economistas sobre se são os juros altos que causam inadimplência ou o avanço dos calotes que geram taxas mais salgadas. Na opinião de Silvio Paixão, economista da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), no caso do Brasil, a primeira premissa é a verdadeira.
"O custo da dívida é muito alto para o tomador de crédito. Se as taxas de juros do País fossem razoáveis, provavelmente a inadimplência seria menor", avaliou.
Os dados do Banco Mundial mostram que a taxa média de empréstimos do Brasil é a terceira maior do mundo (32%), atrás apenas dos países africanos Malawi (44,3%) e Madagascar (60%).
Quanto aos vizinhos sul-americanos, os juros mais próximos ao do País são da Argentina (24%) - Paraguai (21,2%) e Chile (8,1%) ficam mais de 10 pontos percentuais abaixo do Brasil.
"Não é possível ter zero de remuneração do dinheiro [empréstimo sem juros], pois os bancos precisam ganhar alguma coisa para fazer a intermediação. Mas também não se pode ter uma remuneração de mais de três vezes o custo do dinheiro", criticou Paixão.
No Brasil, ainda de acordo com o Banco Mundial, as instituições financeiras captam dinheiro a uma taxa média de 10%. Ou seja, a remuneração dos bancos ao emprestar dinheiro é 3,2 vezes maior que do seu gasto para tomar dinheiro emprestado.
Usando a mesma lógica, no Chile essa relação é de 2,1 vezes e na Argentina de 1,2 vez, de forma que o 'lucro' do banco com crédito (o chamado spread) também é menor.
Dos três vizinhos considerados na reportagem, somente o Paraguai passa o Brasil, com uma relação de 4,9 vezes, porém o resultado é proveniente de uma taxa de captação de 4,3% e uma taxa de empréstimo de 21,2%, ambas menores que a do País.

Perspectivas
O índice de inadimplência do Brasil vinha em uma trajetória de queda até desde 2011, passando de 3,5% naquele ano para 2,9% em 2014. Em 2015, o número voltou a crescer e Paixão disse que deve continuar subindo. "Todos os setores da economia estão com dificuldade e isso impacta na inadimplência", observou.
Segundo Miguel de Oliveira, diretor de estudos e pesquisas econômicas da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), o cenário de crédito melhorou muito no Brasil nos últimos anos, porém, com o aumento do desemprego e da inflação e a queda da atividade econômica, o ambiente deve voltar a se deteriorar. "A inadimplência já esteve bem pior", comentou.
As estatísticas do Banco Mundial mostram que, em 1998, os calotes do País eram de 10,2% no Brasil.
Oliveira lembrou ainda que o mercado bancário no País é muito concentrado, o que mina a concorrência e a margem para negociar condições de crédito melhores.
Informações do Banco Central, relativas a setembro do ano passado, apontam que as cinco maiores instituições financeiras do País (Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa e Santander) detêm três quartos dos ativos do mercado bancário - excluídos os bancos de fomento.

Maiores caloteiros
Dos países com maior inadimplência, San Marino é um pequeno território encravado na Itália, com pouco mais de 30 mil habitantes. Já o Chipre é uma ilha do mar mediterrâneo, ao sul da Turquia, com cerca de 1,15 milhões de pessoas. A Grécia, por sua vez, atravessa uma crise econômica e financeira.

Pedro Garci
http://www.dci.com.br/financas/-inadimplencia-do-brasil-e-baixa%2C-mas-maior-que-de-vizinhos-sulamericanos-id527352.html

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Consumidor mostra sinais de retomada da confiança.

Pesquisas de janeiro apontam para um leve otimismo por parte do cliente; entre os empresários, planejamento de negócios para o pós-crise começa a ser desenhado.


 
 
São Paulo - Após quedas seguidas nos indicadores de otimismo dos empresários e consumidores brasileiros, em função da recessão que assola o País, pesquisas da CNI, FGV e FecomercioSP de janeiro esboçam uma tímida retomada da confiança do setor, sinalizando a volta da confiança na economia para o período pós-crise econômica.
"Os consumidores e empresários precisaram começar a pensar em como serão as coisas no período pós-crise.

Porque ela vai passar", afirmou o professor de macroeconomia e política econômica da Universidade Federal do ABC, Oswaldo Siqueira. Na visão do acadêmico, entre os empresários o momento é de pensar em crescimento a longo prazo, para sair à frente da concorrência quando houver retomada da economia. "Quem deixar para pensar em como crescer quando a crise acabar estará um passo atrás dos concorrentes", afirmou.

Entre os consumidores, no entanto, a confiança pode ser mais postergada, e depende muito das projeções de emprego. "O consumidor precisa sentir que o governo federal está coeso em um discurso que passe segurança. Antes disso, uma retomada forte da confiança não deve acontecer", pontuou.
Siqueira cita ainda o movimento de retomada da economia norte-americana no pós-crise de 2008. "Por lá, a confiança do consumidor foi a primeira que voltou, assim que o governo Obama trouxe soluções para o desemprego".

Com relação ao empresariado, ganharam mercado aqueles que, durante a crise, conseguiram guardar capital próprio para investimentos de médio prazo. "Os varejistas mais populares foram os que mais se prepararam, e hoje essas lojas estão com maior penetração no mercado que a vista antes da crise."

Tendência
O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), é um exemplo desse leve avanço. Em janeiro, o indicador subiu para 98,6 pontos, contra apuração anterior feita em dezembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 96,3 pontos. Apesar do aumento de 2,4% no período, o patamar do mês passado estava 10% abaixo da média histórica e mostra que os brasileiros continuam receosos.

De acordo com a pesquisa, a melhora da confiança em janeiro é resultado das perspectivas em relação à renda pessoal, ao endividamento e à situação financeira. O índice de expectativa sobre a renda pessoal cresceu 4,6%, o de endividamento subiu 4 6% e o de situação financeira avançou 2,4% frente a dezembro. "Mesmo assim, a manutenção do pessimismo do consumidor indica perspectivas de continuidade de baixa demanda nos próximos meses", diz a CNI, em nota.

A CNI também identificou que as perspectivas sobre a inflação e o emprego igualmente melhoraram. O índice de expectativas em relação à inflação cresceu 2,5% e o de desemprego aumentou 5,2% na comparação com dezembro. Também neste caso, quanto maior os índices, maior é o número de pessoas que apostam na queda da inflação e do desemprego nos seis próximos meses.

Outros números
Outro indicador que mostrou leve reação foi a confiança do consumidor mês passado, na comparação com dezembro, medida pela FGV. No período, a confiança subiu 2,5 pontos, alcançando o patamar de 67,9, mas permanece no campo negativo (abaixo de 100) e recuou 13,2 pontos em relação ao mesmo mês de 2015.

A melhoria no indicador se deu tanto por conta do aumento do Índice de Situação Atual (ISA), que subiu 1,1 ponto, quanto da melhoria no Índice de Expectativas (IE), que cresceu 3,4 pontos, atingindo 70 pontos.
"A recuperação da confiança dos consumidores e empresários pode ocorrer, mesmo que lentamente, em um cenário de aumento da oferta de crédito e retomada de alguns investimentos estruturais na economia brasileira", disse Siqueira.

Já a FecomercioSP, por meio do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), reportou um avanço de 2,1% em janeiro, sobre dezembro, somando 89 pontos. De acordo com a federação que representa os varejistas do estado, a melhora das expectativas dos consumidores em relação ao futuro resultou na alta de 3,5% do indicador, que passou de 106,6 pontos em dezembro a 110,3 pontos em janeiro. Se comparado ao mesmo período de 2015, houve recuo de 3,2%.

Paula Cristina
http://www.dci.com.br/comercio/consumidor-mostra-sinais-de-retomada--da-confianca-id526538.html

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Projeção para juro básico em 2016 cai a 14,25% e para IPCA em 2017 sobe a 5,80%.

Neste ano, o PIB deve contrair 3,01%; para 2017 é esperado crescimento, porém cada vez menor, sendo estimando agora em 0,70% ante 0,80% no levantamento anterior.


Foto: Creative Commons - Reprodução autorizada
Para o fim de 2017, os economistas consultados mantiveram a expectativa para a taxa básica de juros em 12,75 por cento
SÃO PAULO - A projeção para a taxa básica de juros no final deste ano voltou a cair diante do tom mais brando que o Banco Central adotou em relação à condução da política monetária, mesmo com as expectativas para a inflação em contínua piora e sem alívio no cenário de recessão.

A estimativa para a Selic ao final deste ano caiu a 14,25 por cento na pesquisa Focus do BC desta segunda-feira, contra 14,64 por cento na mediana das projeções da semana anterior.

Depois de decidir manter a Selic em 14,25 por cento, o BC sugeriu na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) maior tolerância com a inflação neste ano em meio à elevação das incertezas no cenário externo, com destaque para desaceleração na China e evolução dos preços do petróleo.

Para o fim de 2017, os economistas consultados mantiveram a expectativa para a taxa básica de juros em 12,75 por cento.

Entretanto, as contas para a inflação continuam em deterioração. A pesquisa com um centena de economistas mostra estimativa de alta do IPCA de 7,26 por cento em 2016, contra 7,23 por cento antes, acima do teto da meta --de 4,5 por cento com tolerância de 2 pontos percentuais.

Já para 2017 a expectativa de alta do IPCA continua se aproximando do teto da meta de 4,5 por cento --que terá no próximo ano tolerância de 1,5 ponto--, tendo chegando a 5,80 por cento contra 5,65 por cento na pesquisa anterior.

O cenário de alta dos preços se dá mesmo com a economia em recessão. Na mediana das projeções no Focus, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve contrair 3,01 por cento, ante queda de 3,00 por cento antes. Para 2017 é esperado crescimento, porém cada vez menor, sendo estimado agora em 0,70 por cento ante 0,80 por cento no levantamento anterior.

(Por Camila Moreira)

Reuters

http://www.dci.com.br/economia/projecao-para-juro-basico-em-2016-cai-a-14,25%C2%A0-id525066.html